"Vendo Shrek com óculos da ética"
Por Jarbas Novelino Barato (profº de filosofia da USJT)
[...] Até alguns dias ,diria que nada há no filme Shrek que possa ser aproveitado para fins educacionais.Mas,ao estudar a questão do Bullying nas escolas,encontrei um sugestão em sentido contrário.
Shrek é uma história que nos mostra muitos encontros com o outro.E nesses encontros,mostra relações de desigualdade que podem gerar espanto,desconforto,estranheza,violência,desentendimentos.O personagem central,aquele ogro simpático,é um outro que é ou perseguido ou temido.Isso o leva a um isolamento quebrado pela estranha invasão de personagens de histórias de contos de fadas.O isolamento num lugar pouco atraente,um pântano,é sintoma de fuga.Shrek não quer ser objeto de olhares de susto,estranheza,ódio.Resolve ficar só,num espaço assustador ou desagradável para as pessoas normais.O ogro quer paz;já que não a consegue na convivência,busca-a no pântano,no isolamento.Essa fuga pode ser um dos caminhos buscados por vítimas de bullying.Estas podem construir um espaço de isolamento para viverem em paz,longe de gente "normal" que as atormenta.E,como na história de Shrek,o espaço escolhido não é necessariamente agradável.
A história de Fiona,a princesa encantada,sugere mais reflexões sobre a aceitação do outro.Fiona sonha com o dia em que o beijo de um cavaleiro apaixonado irá libertá-la do pesadelo em que se vê(mulher durante o dia e ogro durante a noite).
Pessoas não compreendidas ou não aceitas pelos outros podem passar por dramas semelhantes,sonhando com um outro eu que nada tem a ver com elas mas que corresponde aos padrões de aceitação da sociedade.Fogem de si mesmas.Negando suas origens.Têm vergonha de mostrar suas verdadeiras caras.E sofrem muito porque suas supostas monstruosidades não desaparecem.Não passa por suas cabeças que a aceitação de diferenças é o começo de um equilíbrio e felicidade que poderá integrá-las em mundos onde suas diferenças não farão qualquer diferença.Mas é preciso ser justo nesta avaliação:a mudança não depende apenas das vítimas de casos parecidos com o de Fiona ... É preciso que a sociedade se abra para a aceitação das belezas da verdadeira "Fiona".
É interessante notar em Shrek que ,ao contrário de certos contos de fada,a mudança não acontece no sentido da beleza sonhada pela personagem vítima do feitiço.A mudança acontece no sentido da consagração de uma existência a princípio monstruosa.Nenhum personagem ganha a identidade de um outro dos desejos baseados nos padrões de beleza inacessíveis à maioria.Seres comuns e até monstruosos podem viver felizes em Shrek.Basta se aceitarem como são.Basta serem aceitos como são.Há muito que aprender com essa história aparentemente tão simples.
Fiz o resumo deste texto que gostei bastante,ele me foi entregue na aula de filosofia,escrito pelo próprio professor da matéria,as aulas dele são bem interessantes,principalmente pela metodologia de ensino,é um meio bem mais simples e legal de aprender filosofia sem aqueles textos maçantes.Deixo aqui o blog do professor, Boteco Escola,que só pelo nome já retira o ar de "chato" da filosofia.
Shrek é uma história que nos mostra muitos encontros com o outro.E nesses encontros,mostra relações de desigualdade que podem gerar espanto,desconforto,estranheza,violência,desentendimentos.O personagem central,aquele ogro simpático,é um outro que é ou perseguido ou temido.Isso o leva a um isolamento quebrado pela estranha invasão de personagens de histórias de contos de fadas.O isolamento num lugar pouco atraente,um pântano,é sintoma de fuga.Shrek não quer ser objeto de olhares de susto,estranheza,ódio.Resolve ficar só,num espaço assustador ou desagradável para as pessoas normais.O ogro quer paz;já que não a consegue na convivência,busca-a no pântano,no isolamento.Essa fuga pode ser um dos caminhos buscados por vítimas de bullying.Estas podem construir um espaço de isolamento para viverem em paz,longe de gente "normal" que as atormenta.E,como na história de Shrek,o espaço escolhido não é necessariamente agradável.
A história de Fiona,a princesa encantada,sugere mais reflexões sobre a aceitação do outro.Fiona sonha com o dia em que o beijo de um cavaleiro apaixonado irá libertá-la do pesadelo em que se vê(mulher durante o dia e ogro durante a noite).
Pessoas não compreendidas ou não aceitas pelos outros podem passar por dramas semelhantes,sonhando com um outro eu que nada tem a ver com elas mas que corresponde aos padrões de aceitação da sociedade.Fogem de si mesmas.Negando suas origens.Têm vergonha de mostrar suas verdadeiras caras.E sofrem muito porque suas supostas monstruosidades não desaparecem.Não passa por suas cabeças que a aceitação de diferenças é o começo de um equilíbrio e felicidade que poderá integrá-las em mundos onde suas diferenças não farão qualquer diferença.Mas é preciso ser justo nesta avaliação:a mudança não depende apenas das vítimas de casos parecidos com o de Fiona ... É preciso que a sociedade se abra para a aceitação das belezas da verdadeira "Fiona".
É interessante notar em Shrek que ,ao contrário de certos contos de fada,a mudança não acontece no sentido da beleza sonhada pela personagem vítima do feitiço.A mudança acontece no sentido da consagração de uma existência a princípio monstruosa.Nenhum personagem ganha a identidade de um outro dos desejos baseados nos padrões de beleza inacessíveis à maioria.Seres comuns e até monstruosos podem viver felizes em Shrek.Basta se aceitarem como são.Basta serem aceitos como são.Há muito que aprender com essa história aparentemente tão simples.
Fiz o resumo deste texto que gostei bastante,ele me foi entregue na aula de filosofia,escrito pelo próprio professor da matéria,as aulas dele são bem interessantes,principalmente pela metodologia de ensino,é um meio bem mais simples e legal de aprender filosofia sem aqueles textos maçantes.Deixo aqui o blog do professor, Boteco Escola,que só pelo nome já retira o ar de "chato" da filosofia.