Franciele Bezerra
Se as borboletas fossem homens teriam uma vida espetacular, com uma borboleta líder para guiá-las e suas próprias casas para administrar,deixando de voar por ai sem onde se firmar. Sendo homens, as borboletas teriam a tecnologia para lhes auxiliar,deixariam de trabalhar tanto,pois teriam máquinas para confecção de casulos,para conseguir néctar e para voar .

Se as borboletas fossem homens sua infância seria muito diferente, as lagartas não teriam que passar todo o tempo comendo e brincando entre as plantas e poderiam se preparar para o mercado das grandes borboletas e ser uma pupa promissora.Quando chegasse o momento de evoluir, as lagartas não teriam de perder muito tempo em seus casulos,pois a infância e a juventude seria algo pouco interessante perante o belo mundo das borboletas.

As borboletas teriam a oportunidade de conhecer o mundo inteiro, e todas as espécies de plantas e borboletas através da tela de um televisor, e que maravilha seria isso para as borboletas, não cansariam suas asas e passariam dias e noites entre quatro paredes, uma poltrona e sua bela TV. Quando uma borboleta não gostasse das cores de suas asas teria a sua disposição um enorme leque de produtos para se colorir, e se ainda assim se sentisse insatisfeita,com uma cirurgia veterinária,poderia ter as asas que desejasse e assim se parecer com alguma das borboletas famosas do Discovery Channel.

E como seriam felizes as borboletas se fossem homens, poderiam provar de diversos pseudo-néctares aromatizados e assim sentir o sabor do néctar de qualquer flor existente e ainda cultivar em suas casas espécies de plantas modificadas em laboratório, trabalhadas geneticamente de tal forma que nenhum outro inseto delas pudesse se alimentar.

As borboletas seriam muito sortudas se fossem homens, iriam ter tudo que precisassem em um único ambiente, sentir o sabor do mundo sem grande esforço e finalmente abandonariam as funções simples e ordinárias de suas antecessoras, afinal, se preocupar com o restante dos animais seria trabalho da natureza e ela que se encarregasse de manter seu próprio equilíbrio, pois quem nascesse borboleta teria coisa melhor para fazer do que dedicar sua vida à polinização das plantas e voar pelos campos durante a primavera.

Trabalho de filosofia com base no texto "Se os tubarões fossem homens" de Bertold Brecht. =)
Franciele Bezerra

Hoje resolvi analisar as produções criativas e pichações nos banheiros femininos.Já vi de tudo: declarações amorosas,trechos musicais,apologia ao crime,nazismo e afins,brigas de garotas retardadas e até convite para jogar baralho.Não esquecendo os clássicos desenhos e nomes de turminhas,ou atualmente as chamadas "famílias"(os blocos,os marretas,os loirinhos,família da orgia,família das mina quente,família dos pão com ovo...).

E quem dirá que nunca reparou em uma destas enquanto usava o banheiro?

Mas o papo aqui é banheiro feminino e essas expressões criativas em seus interiores.Já perguntei para alguns meninos se os banheiros masculinos tem esse tipo de "comunicação sanitária",segundo eles não.
Então vamos as artistas dos banheiros femininos,que separei em algumas categorias :

As românticas: Aquelas que se declaram ... "Luizinho eu te amo" dentro de um coração,"Luizinho e Luizinha ,amor eterno" (como se o luizinho fosse ler a declaração ¬¬')...

As encrenqueiras: Aquelas que xingam ou fofocam sobre alguém que conhecem,ou simplesmente escrevem frases ofensivas para que alguma outra encrenqueira que venha utilizar o banheiro sinta que foi para ela e responda.Vi isso hoje no banheiro de uma clínica médica,uma escreveu uma ofensa na porta e outra que nem imaginava quem era a anterior foi e respondeu com mais baixaria.

As poetisas: São as inspiradas,escrevem poemas amorosos,políticos e de outros temas.Alguns de 1ª linha,outros... Nem tanto :"O céu é azul como um tomate,não te comprei um bombom porque meu cachorro comeu meu caderno".

As Tarcilas do "Banheiral": São aquelas que fazem desenhos,grande parte são rabiscos,mas alguns até enfeitam e são ótimos.

As ® (marca registrada): aquelas que assinam o próprio nome (normalmente com um adjetivo junto :"Tatinha Gatinha","Léia Totosa") ou o de suas turminhas ("Bonde das sem caderno","Família das Birutinhas","As mercenárias" ).

Depois os homens se perguntam o motivo de passarmos tanto tempo no banheiro ...

Banheiro para aliviar
Banheiro para fofocar
Banheiro para se pentear
Banheiro para se expressar

Franciele Bezerra
"Vendo Shrek com óculos da ética"

Por Jarbas Novelino Barato (profº de filosofia da USJT)

[...] Até alguns dias ,diria que nada há no filme Shrek que possa ser aproveitado para fins educacionais.Mas,ao estudar a questão do Bullying nas escolas,encontrei um sugestão em sentido contrário.

Shrek é uma história que nos mostra muitos encontros com o outro.E nesses encontros,mostra relações de desigualdade que podem gerar espanto,desconforto,estranheza,violência,desentendimentos.O personagem central,aquele ogro simpático,é um outro que é ou perseguido ou temido.Isso o leva a um isolamento quebrado pela estranha invasão de personagens de histórias de contos de fadas.O isolamento num lugar pouco atraente,um pântano,é sintoma de fuga.Shrek não quer ser objeto de olhares de susto,estranheza,ódio.Resolve ficar só,num espaço assustador ou desagradável para as pessoas normais.O ogro quer paz;já que não a consegue na convivência,busca-a no pântano,no isolamento.Essa fuga pode ser um dos caminhos buscados por vítimas de bullying.Estas podem construir um espaço de isolamento para viverem em paz,longe de gente "normal" que as atormenta.E,como na história de Shrek,o espaço escolhido não é necessariamente agradável.
A história de Fiona,a princesa encantada,sugere mais reflexões sobre a aceitação do outro.Fiona sonha com o dia em que o beijo de um cavaleiro apaixonado irá libertá-la do pesadelo em que se vê(mulher durante o dia e ogro durante a noite).
Pessoas não compreendidas ou não aceitas pelos outros podem passar por dramas semelhantes,sonhando com um outro eu que nada tem a ver com elas mas que corresponde aos padrões de aceitação da sociedade.Fogem de si mesmas.Negando suas origens.Têm vergonha de mostrar suas verdadeiras caras.E sofrem muito porque suas supostas monstruosidades não desaparecem.Não passa por suas cabeças que a aceitação de diferenças é o começo de um equilíbrio e felicidade que poderá integrá-las em mundos onde suas diferenças não farão qualquer diferença.Mas é preciso ser justo nesta avaliação:a mudança não depende apenas das vítimas de casos parecidos com o de Fiona ... É preciso que a sociedade se abra para a aceitação das belezas da verdadeira "Fiona".
É interessante notar em Shrek que ,ao contrário de certos contos de fada,a mudança não acontece no sentido da beleza sonhada pela personagem vítima do feitiço.A mudança acontece no sentido da consagração de uma existência a princípio monstruosa.Nenhum personagem ganha a identidade de um outro dos desejos baseados nos padrões de beleza inacessíveis à maioria.Seres comuns e até monstruosos podem viver felizes em Shrek.Basta se aceitarem como são.Basta serem aceitos como são.Há muito que aprender com essa história aparentemente tão simples.

Fiz o resumo deste texto que gostei bastante,ele me foi entregue na aula de filosofia,escrito pelo próprio professor da matéria,as aulas dele são bem interessantes,principalmente pela metodologia de ensino,é um meio bem mais simples e legal de aprender filosofia sem aqueles textos maçantes.Deixo aqui o blog do professor, Boteco Escola,que só pelo nome já retira o ar de "chato" da filosofia.